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5 passos para formular o seu problema de pesquisa

Que atire a primeira pedra quem nunca ouviu o orientador ou orientadora questionarem o seu problema de pesquisa.

Apesar de ser uma parte crucial no nosso trabalho, formular um problema é uma das maiores dificuldades de estudantes e pesquisadores, principalmente porque muitos começam a pensar nele antes mesmo de pesquisar sobre o tema.

Então, é bem comum lidar com críticas como “você já sabe a resposta desse problema”, “isso não é um problema de pesquisa científico” ou até mesmo não conseguir responder de forma objetiva quando questionam qual é o problema de pesquisa do trabalho.

Mas sabia que existem livros e artigos incríveis apenas para nos ajudar a definir o problema de pesquisa?

Pensando nisso, resolvi compartilhar com você lições valiosas que eu aprendi lendo José Luiz Braga (2005).

Sendo assim, hoje vamos abordar:

Ao contrário do que muitos pensam, o problema de pesquisa não é o tema do trabalho.

Para começar, é importante saber diferenciar esses dois.

  • Tema: É uma proposição mais abrangente do assunto que você deseja provar ou desenvolver na sua pesquisa.
  • Problema de pesquisa: É uma forma explícita de dizer qual é a dificuldade ou a lacuna encontrada no tema do trabalho.

Dessa forma, o problema é uma pergunta não respondida pelo tema e deve ser clara, compreensível, operacional e específica.

Por isso, muitas vezes é apenas uma questão no formato de “Como…?”, “De que forma…?”, “Que diferenças existem entre…?”, e assim por diante.

Então, esse problema de pesquisa será o ponto de partida que definirá:

  • A metodologia: Isto é, como você vai responder a essa pergunta;
  • Os objetivos: Por que você quer responder essa pergunta;
  • As hipóteses: O que você espera encontrar na resposta. 

-> Saiba mais: aprenda como começar a escrever um TCC!

A partir daí, seu trabalho está muito bem direcionado e tanto a sua pesquisa, como a sua escrita serão mais fluidas e diretas.

Antes de tudo, eu preciso te avisar que essas são dicas apenas para te guiar, mas o mais importante é se sentir livre ao formular suas perguntas e escrever.

Por isso, tente seguir os passos da forma como faz mais sentido para você, sem rigidez, travas ou julgamentos.

Lembre-se: essa etapa ainda não faz parte do seu projeto de pesquisa, então não há o peso de uma nota ou de alguém corrigindo o seu trabalho.

Claro, construir um problema de pesquisa não é simplesmente descobrir questões, portanto, é muito importante conhecer bem o seu tema antes de seguir os passos.

1. Escreva tudo o que você já sabe sobre o tema

Primeiro, é preciso saber o que você não conhece para, então, querer buscar uma resposta. 

Por isso, a nossa dica é se debruçar sobre o tema do seu interesse.

Para começar, você pode recorrer às leituras e fazer fichamentos de resumo.

Além disso, busque também outras referências e anote todas as questões que os conteúdos deixam em aberto ou qualquer outra coisa que chame a sua atenção.

#DicaEven3:

Ler artigos científicos é uma boa alternativa para se manter atualizado nas discussões mais recentes.

Além disso, artigos comumente propõem desenvolvimentos futuros que podem ser bons insights para o seu problema de pesquisa.

Mas tudo bem se você ainda não tiver leituras suficientes, pois a sua experiência prática e observações casuais também são partes importantes nas anotações. Ou seja, vale incluir todas as ideias referentes ao tema.

Por fim, já deu para perceber que existem várias dúvidas? É hora de deixar o questionamento tomar forma!

2. Comece a escrever perguntas

A partir das suas anotações, provavelmente você já estará cheio de dúvidas.

Portanto, se livre das dúvidas existenciais, como aquelas que se referem a inseguranças ou sua competência para tratar do assunto. Eu sei, é muito comum que isso aconteça, mas não duvide da sua capacidade!

Depois, selecione tudo que diz respeito ao seu próprio objeto de pesquisa e utilize a sua criatividade para começar a transformar as anotações em perguntas.

Nesse momento, é hora de perguntar tudo o que você quiser e conseguir, sem se preocupar se são perguntas relevantes, bobas ou difíceis demais.

Ao fim desse processo, você terá realizado um brainstorming super importante para o seu trabalho!

3. Critique as suas próprias perguntas

Bom, se você já estava se julgando na etapa anterior, pode voltar e refazer tudo, pois é agora que a grande fase de cortes vai começar. É só seguir as etapas:

Corte as perguntas que você já sabe a resposta

Eu sei que você não sabe de tudo, mas que tal buscar mais informações sobre o seu tema? Se as suas perguntas já estão respondidas por aí, é hora de guardar esse conhecimento para te ajudar na pesquisa, mas deixar as perguntas de lado.

Separe as questões práticas e guarde-as

Sabe aquelas perguntas que pedem soluções concretas, como propostas do que fazer?

Então, normalmente essas não são os problemas principais em uma pesquisa científica, mas elas podem te ajudar.

Por isso, separe essas questões e guarde-as para o passo 4.

Além disso, perguntas práticas podem servir como metas posteriores à sua pesquisa.

Ou seja, o seu trabalho vai construir conhecimentos que podem ajudar a encaminhar soluções para problemas reais (e isso deve, mais tarde, ser indicado em sua proposta).

Também separe as questões amplas demais

É claro que questões genéricas ou vagas não são muito boas para um problema de pesquisa, já que, provavelmente, elas não te permitirão realizar uma pesquisa bem direcionada.

Inclusive, normalmente não dá sequer para traçar uma metodologia a partir de questões amplas demais, ou por não saber qual objeto pesquisar ou por ser muito diversa, complexa e demandar mais tempo de análise.

Mas elas podem ser importantes pontos de partida para o seu problema de pesquisa. Então, guarde-as e tente derivar perguntas mais específicas a partir delas.

Tem perguntas que se respondem com sim ou não? Tente expandi-las

Por fim, vamos explorar também as perguntas mais simples, como aquelas que se respondem com “sim” ou “não”.

Nesses casos, tente expandi-las e pensar nos problemas mais complexos que as atravessam. Por exemplo, você pode comparar situações, perguntar por que isso acontece ou como.

Ao final de todo esse processo, você vai notar que já tem algumas perguntas, mas não existe um número ideal para finalizar essa etapa.

Na verdade, não é preciso ter muitas questões para construir um problema de pesquisa, pois o que importa, além do seu enorme interesse no assunto, é a relação das perguntas entre si e, principalmente, a relevância.

4. Agora organize as perguntas

Para te ajudar a encontrar o principal problema do seu trabalho, divida as perguntas que restaram do brainstorming em categorias, como:

  • Mais relevantes;
  • Secundárias;
  • Mais amplas;
  • Mais específicas;
  • Independentes entre si;
  • Relacionadas, por paralelo ou por subordinação;
  • Mais teóricas;
  • Mais voltadas para a busca de dados.

Claro que os padrões para a organização podem variar e vão depender muito do conjunto de perguntas que você tem.

Contudo, o objetivo principal dessa etapa permanece o mesmo: ultrapassar o nível de perguntas soltas e criar um conjunto integrado de perguntas.

Assim, esse já é um direcionamento para definir o problema de pesquisa e escrever um bom projeto

Por isso, faça um jogo de armar com as perguntas. Escolha seu problema de pesquisa, monte o seu texto com as outras perguntas, crie modelos que respondam as suas dúvidas, até ficar satisfeito.

Nesse caso, as perguntas mais relevantes, aquelas claras e precisas, que podem ser pesquisadas e exploradas, provavelmente serão suas perguntas de pesquisa.

Então, refine-as, veja quais te interessam mais e escolha uma que é possível responder com o tempo que você dispõe para pesquisar.

Mas a dica é: não fique satisfeito logo no começo, brinque com as possibilidades do seu trabalho.

5. Escreva um texto

Finalmente é hora de escrever! Quando tiver chegado a um conjunto satisfatório para a sua pesquisa, veja se consegue fazer um texto para explicar o seu problema de pesquisa.

Nele, você deve explicar a relação entre o conjunto de perguntas, por que o seu problema é interessante e por que você é curioso sobre o tema.

Assim, você já terá os os materiais necessários para começar a escrever até mesmo um projeto de pesquisa.

Então, faça um texto claro com o intuito de fazer o leitor compreender o seu projeto.  Para isto, uma dica é usar as leituras do começo desta etapa e enriquecer o texto.

Além disso, lembre-se: você não está escrevendo um artigo, então, evite respostas antecipadas e um tom de terminalidade.

Sendo assim, mantenha o texto aberto para futuros desenvolvimentos e não esconda suas dúvidas.

Depois de tudo isso, você deve ter chegado a um problema de pesquisa.

Mas se ainda restam dúvidas ou inseguranças, verificar o que não é um problema de pesquisa pode te ajudar.

Assim, você pode reformular o seu problema caso ele se encontre em uma dessas três categorias:

  • Não é um problema de pesquisa quando você pode respondê-lo com uma simples pesquisa no Google;
  • Nunca é um problema científico quando, para resolver o problema, você precisa realizar uma ação prática de interferência no ambiente.
  • Também não é um problema de pesquisa científico quando a pergunta tem valores, julgamentos morais e considerações subjetivas.

Quer se inspirar com alguns bons exemplos de problemas de pesquisa? Veja alguns exemplos da edição de 2018 do Prêmio Capes de Teses!

Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo

Autora: Suélen Matozo Franco

Orientador: André Luiz Maranhão de Souza Leão

Tese: No reinado de Momo, quem governa Olinda? Governo, corpos e tecnologias políticas na organização do Carnaval de Olinda

Problema de pesquisa: Como as relações de poder permeiam a organização do Carnaval de Olinda?

Programa de Pós-Graduação em Administração da UFPE

Economia

Autora: Adriana Stankiewicz Serra

Orientador: Walter Belik

Tese: Pobreza multidimensional no Brasil rural e urbano

Problema de pesquisa: Com a queda na proporção de pobres pelo critério da renda no período recente, o que ocorreu em outras dimensões da pobreza?

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico da UNICAMP

Ensino

Autora: Lúcia Virginia Mamcasz Viginheski

Orientador: Sani de Carvalho Rutz da Silva

Coorientador: Elsa Midori Shimazaki

Tese: O soroban na formação de conceitos matemáticos por pessoas com deficiência intelectual: implicações na aprendizagem e no desenvolvimento.

Problema de pesquisa: Que contribuições a utilização do soroban poderá trazer para a aprendizagem do conteúdo Números e Operações e o desenvolvimento das funções psicológicas superiores em estudantes com deficiência intelectual?

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia da UTFPR

Arquitetura, Urbanismo e Design

Autor: Felipe de Souza Noto

Orientadora: Helena Aparecida Ayoub Silva

Tese: O quarteirão como suporte da transformação urbana de São Paulo

Problema de pesquisa: Como tornar o quarteirão suporte do desenho urbano e transformação da cidade de São Paulo?

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da USP

Vá além do problema de pesquisa: escreva um artigo completo

Com certeza um problema de pesquisa vai te render vários artigos, uma vez que eles fazem parte do trabalho do pesquisador.

Afinal, com eles é possível compartilhar resultados preliminares com os pares, obter revisões, tornar o trabalho mais conhecido e aprimorá-lo.

Mas eu sei que não é tão fácil começar a escrever assim que você iniciou a pesquisa, por esse motivo, separei um material que pode te ajudar!

Com este e-book você aprenderá tudo sobre artigos científicos, normas da ABNT e terá um guia completo e prático para tornar a sua escrita muito mais assertiva e fluida.

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