Todo pesquisador sabe a importância da divulgação científica. Afinal, ela torna o seu trabalho mais conhecido, além de cumprir com o maior objetivo da pesquisa científica: o compartilhamento de conhecimento.
Mas por onde começar e como divulgar o seu trabalho da forma correta?
Neste post vamos tratar de:
- O que é divulgação científica?
- O que é disseminação científica?
- Como fazer a divulgação científica?
- Onde publicar a sua divulgação científica?
- Por que compartilhar a sua pesquisa acadêmica com os pares?
- 4 dicas para melhorar sua disseminação científica.
Antes de tudo, vamos entender o que é a divulgação científica?
Mesmo sendo um termo bem popular, ele é facilmente confundido com a disseminação científica. Isso acontece porque ambos colaboram com a difusão da ciência, mas possuem públicos-alvo distintos e precisamos diferenciá-los.
Já percebeu que ao sentir dor no corpo normalmente você já sabe qual remédio tomar? Ou quando as dores são fortes demais sabe o perigo da automedicação e decide ir ao médico?
A divulgação científica é justamente o ato de popularizar a ciência, fazendo com que ela esteja em nosso dia a dia, trazendo melhorias, avanços científicos e sociais.
Mas nem sempre a informação é transmitida com cuidado e pesquisa, por isso a divulgação científica é incentivada entre pesquisadores com o objetivo de tornar a educação e o conhecimento acessíveis.
Outra parte importante no estudo científico é a colaboração, cooperação e o conhecimento dos pares. É aí que entra a disseminação científica, que se refere à transmissão de conhecimento para o público especializado, com linguagem técnica e normas como a ABNT.
–> Conheça 5 normas da ABNT importantíssimas para o seu trabalho acadêmico.
Tão importante quanto à divulgação, é na fase de disseminação que o trabalho do pesquisador é melhorado, podendo tanto ser contestado como reforçado. É assim que ele se torna mais conhecido, agregando autoridade e segurança para que, finalmente, seja divulgado para a população.
Então, agora que já sabemos essas diferenças, resta o questionamento: onde investir?
Se você, assim como nós, acredita na difusão do conhecimento para todos, o melhor a fazer é unir a divulgação e a disseminação em estratégias que vão dar valor ao seu trabalho e torná-lo super acessível!
Já que você já sabe o que é uma divulgação científica, é hora de colocar em prática.
A princípio, a divulgação depende de duas coisas essenciais na sua pesquisa: a sua autoridade no assunto e a sua paixão. Só assim para você não parar de falar sobre o que descobriu!
Da mesma forma, é super importante que a divulgação leve em consideração a mesma rigidez da produção científica, mesmo que o meio da mensagem seja mais informal.
Não seguir esses cuidados pode prejudicar sua carreira e outras pessoas que consomem o conteúdo produzido.
Inclusive, até na hora de compartilhar conteúdos relacionados à sua área deve haver o mesmo cuidado com as fontes e créditos aos pesquisadores.
Mas se seu conteúdo já passou por todas as etapas da pesquisa científica, é hora de divulgá-lo para além dos seus pares.
É nessa fase que você pode ser livre para imaginar em qual meio teria mais facilidade para compartilhar um tema que você domina. Internet, rádio, TV, um livro… são muitas opções, mas as principais características do texto de divulgação científica são:
- Apresentação das bases científicas utilizadas na pesquisa de forma acessível.
- Comunicação simples, explicativa e didática.
- Linguagem compatível com o meio em que a mensagem é transmitida. Afinal, se preferimos nos comunicar por vídeo, o melhor seria adaptar nosso texto para o Youtube, não é?
Perceberam como a divulgação científica é fácil? Seguindo todos esses passos e tomando cuidado com a informação compartilhada, é só escolher o melhor canal para se comunicar com o público geral.
Primeiro, é hora de deixar as publicações em revistas e eventos um pouco de lado e aproximar o seu trabalho e a ciência até mesmo das pessoas mais leigas.
Normalmente é nessa etapa que os pesquisadores pensam no artigo de divulgação científica.
1. Artigo de divulgação científica
Este exemplo é um tipo de artigo bastante comum, mas que não deve ser confundido com o artigo científico.
Portanto, o artigo de divulgação científica é um texto que busca compartilhar pesquisas científicas de forma didática, normalmente publicado em sites de divulgação científica, jornais ou revistas.
Neste caso, ele normalmente possui uma estrutura de:
- Introdução: Contextualizando o estudo de forma atrativa ao leitor;
- Desenvolvimento: Apresentando e explicando de forma didática a metodologia e novas informações obtidas na pesquisa;
- Conclusão: expondo os resultados obtidos.
Embora ele seja um modelo muito utilizado, você já parou para imaginar outras formas de divulgar a ciência?
Talvez você já esteja pensando nas redes sociais!
A internet realmente tem crescido como principal fonte de informação das pessoas e, por isso, as redes sociais precisam de ainda mais informações educativas, de qualidade e com autoridade.
E a melhor parte é que não há uma rede social correta para a divulgação científica, além das diversas linguagens que podem ser utilizadas.
Listamos alguns exemplos de divulgação científica nas redes sociais para acompanhar e se inspirar!
2. Twitter
O Twitter tem crescido e ganhado força na comunidade acadêmica pois promove debates, prioriza interações instantâneas e divulga uma grande quantidade de informações, com uma linguagem imediatista e muitas vezes engraçada.
Apesar de comunicar de forma curta e rápida, isso não é um problema quando falamos de ciência. Em 2017, por exemplo, a hashtag #MinhaCiênciaEmUmTweet viralizou na rede e promoveu uma divulgação muito divertida de pesquisas científicas.
#MyOneScienceTweet e #WhyMyScience resumem as pesquisas e motivações de cientistas americanos. Queremos saber o que pesquisam e/ou por que pesquisam os cientistas brasileiros: #MinhaCienciaEmUmTweet
— Instituto Serrapilheira (@iserrapilheira) November 9, 2017
Para se inspirar na área, você pode acompanhar o projeto Science Pulse, que utiliza tweets, retweets, comentários e palavras-chaves para definir quais são as tendências atuais de debate da comunidade científica.
Além disso, o Science Pulse também divulgou um estudo com as principais vozes da ciência no Twitter em 2020, mapeando 1.200 perfis. Já seguiu alguém?
3. Instagram
Falando em seguir, pensamos logo no Instagram!
Embora seja muito popular, esta rede social é focada em imagens e vídeos. Por isso, pode demandar um esforço maior para ter um visual bem elaborado e atrativo, mas não precisa ser difícil.
Por exemplo, Hugo Fernandes (@hugofernandesbio) é um comunicador que promove a divulgação científica acessível e visualmente atrativa.
No seu perfil, o biólogo e professor da Universidade Estadual do Ceará, compartilha conhecimentos e notícias da sua área de atuação, desmistifica a ciência e cria uma comunidade de interessados na temática abordada por ele.
4. Youtube
E para educar bem um público, podemos apostar também no Youtube!
Você sabia que, assim como o Google, o Youtube também é um buscador? Isso significa que esta rede social é muito utilizada por quem quer aprender, tirar dúvidas ou matar a curiosidade.
Mas a linguagem no Youtube é visual e sonora, por isso necessita de equipamentos e facilidade em frente às câmeras.
Mesmo assim, esta rede social explora bem a divulgação científica e podemos encontrar diversos canais criativos e atrativos para se inspirar, como o canal Nerdologia, que ganhou fama com o pesquisador Atila Iamarino.
https://youtu.be/5Tt39ve4voU
Em suas redes sociais, Atila, que é biólogo e pesquisador, além de debater sobre as notícias relacionadas à sua área de pesquisa, também promove discussões sobre a divulgação científica acessível e responsável, reforçando a importância de respeitar as etapas da pesquisa acadêmica.
Assim, aprendemos também que se não queremos queimar nosso filme compartilhando estudos incompletos por aí, é importante priorizar a disseminação científica antes e durante a divulgação da pesquisa!
Passar por uma banca examinadora ou ter seu trabalho revisado por pares é uma etapa importante da publicação científica.
Primeiramente, é nessa fase que o compartilhamento de conhecimento entre cientistas engradece a pesquisa científica no nosso país. Afinal, produzimos e aprendemos muito mais quando nos unimos com quem já está na área, não é?
Além disso, os benefícios da disseminação científica são:
- Validação, reconhecimento e até mesmo revisões do trabalho pelos pares;
- Com o trabalho conhecido, o pesquisador ganha mais citações e credibilidade na área;
- Assim, as pesquisas crescem em qualidade, impactando toda a comunidade científica.
Por esses motivos, a disseminação científica deve ser priorizada até mesmo durante a sua pesquisa. Mas se você não sabe por onde começar, fizemos uma lista de dicas para te ajudar!
1. Explore os portais das Universidades
Para começar, é provável que você já conheça essa alternativa.
Para muitos pesquisadores é comum que seus trabalhos automaticamente sejam publicados nos portais das instituições de ensino a qual estão ligados.
Isso acontece porque a maioria das universidades entende a importância da disseminação científica e possue repositórios onde divulgam os resultados das suas pesquisas, como TCCs, Teses e Dissertações.
Mas nem sempre esses portais são acessíveis. De acordo com uma pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, muitos não têm a divulgação científica como prioridade, enfrentando dificuldades de acesso, demora para a publicação dos trabalhos e também não são listados na busca do Google, sendo acessível apenas para quem já conhece o pesquisador e está ali para buscar um trabalho específico.
Então anota aí o que é preciso verificar caso seus trabalhos estejam disponíveis apenas no repositório de uma instituição de ensino:
- São fáceis de achar?
- É possível ver suas métricas de acesso?
- Possuem identificadores como DOI, ISSN ou ISBN?
Ainda não entendeu a importância desses pontos? Segue o texto que vamos te explicar o porquê!
2. Tenha identificadores
Primeiramente, os identificadores são responsáveis por diferenciar trabalhos internacionalmente e garantir sua autenticidade, além de facilitar o acesso às produções científicas.
Por exemplo, o DOI (Identificador de Objeto Digital) individualiza publicações disponíveis na internet em link único, tornando-o permanente na web, dificultando o plágio e garantindo autoridade diante de uma enxurrada de informações online.
Além disso, é possível verificar as métricas de acesso a partir do link do DOI, tendo informações como quantas vezes o seu trabalho foi visualizado.
Em outras palavras, ele é extremamente importante para quem busca créditos! Inclusive, a Plataforma Lattes já o utiliza para identificar a quantidade de vezes que um trabalho foi referenciado por outros autores.
Para emitir um DOI de uma publicação, é preciso buscar uma agência autorizada, como a Crossref, ou entrar em contato com empresas que trabalhem em conjunto com essas agências, como a Even3 Publicações.
Além do DOI, há outros identificadores para publicações, como o ISBN, que individualiza livros e anais, e o ISSN, que individualiza publicações seriadas.
3. Invista em publicações
Certamente essa dica é básica, mas não é uma cobrança.
Agora que você sabe a importância dos identificadores, é necessário focar em seus objetivos e filtrar melhor os locais onde deseja publicar, ver se oferecem ISSN ou DOI, por exemplo, e produzir com mais qualidade do que quantidade.
Com isso em mente, é hora de estudar as alternativas que podem te dar mais retornos, como:
Revistas
A princípio, essa é a alternativa que pensamos quando falamos em publicações, não é?
De fato, as revistas dão muita autoridade ao pesquisador. Mas normalmente elas possuem exigências específicas e mais tempo para análise do conteúdo, por isso, o processo de publicação pode ser mais trabalhoso.
Sendo assim, encare esse desafio como uma oportunidade para melhorar a sua pesquisa e sua carreira, amadurece-la e buscar orientação de pesquisadores mais experientes. Além disso, não esqueça de verificar o Qualis Capes da revista.
Para pesquisar boas alternativas, você pode buscar por áreas de atuação no indexador Scielo: Lista de Periódicos por Assunto.
Eventos
Outra alternativa é a participação e a publicação em Anais de Eventos, pois a seleção é mais simples e garante bons conteúdos para preencher o Lattes.
Por isso, é importante estar atento às produções da instituição de ensino a qual você está veiculado ou buscar em plataformas de eventos.
–> Confira aqui eventos acadêmicos perto de você!
Even3 Publicações
No entanto, se você possui produções que ainda não foram divulgadas online ou estão em portais de difícil acesso, como o repositório de uma universidade, é possível publicar pela Even3 Publicações.
Dessa forma, a sua publicação pode possuir um DOI, além de estar disponível em uma página online mais acessível, pois é indexada em mecanismos de busca, como o Google, e é capaz de captar estatísticas de acessos e downloads.
Assim, para publicar através Even3 Publicações, o seu trabalho só precisa ter sido avaliado e aprovado por uma banca examinadora. Ou, caso tenha urgência em divulgar, ele pode ser publicado como um preprint.
Conheça as redes sociais para pesquisadores
Por fim, além da dica do compartilhamento nas redes sociais pessoais, existe outra forma de se conectar com pesquisadores do mundo inteiro: participando das redes sociais acadêmicas.
A princípio, a divulgação é bem parecida, mas, é sempre bom lembrar que cada rede social possui uma linguagem específica.
Assim como o Instagram é voltado para as imagens, as redes sociais acadêmicas são feitas para compartilhamento e socialização de conhecimento, exigindo uma forma de comunicação diferente com seus pares.
A exemplo, temos a Academia.edu, o ResearchGate, o Pubpeer e o Mendeley, que também é um gerenciador de referências.
E então, já sabe por onde começar e o que melhorar? Confira também os nossos materiais educativos para te ajudar na sua pesquisa científica.